Septuagenária, sabedoria inclusa.

Eis que a vida dá-me uma surpresa: aos 17 recém completados anos, sinto-me gasta. Mas como? - dizem os mais antigos. Aceno com a cabeça e digo que nāo sei. Digo que me sinto velha, uma septuagenária, por dentro e por fora. Digo que me sinto madura, com calmaria de sobra. Pacificada, ora pois.  Sentir-se gasta em menos de duas décadas de vida só pode significar uma coisa: ou é uma vida bem vivida ou bem sofrida. A minha fica na linha tênue e feliz de quem nāo sabe de qual lado ficar.

Dezessete. Diga-me, dezessete realmente? Parece-me que foi muito mais. Todo o meu simbolismo de ser se construiu nesse tempo, e se intensificou. E é de se esperar que 17 anos seja pouco tempo para a construçāo de tamanha personalidade, tāo odiada por uns e amada por outros. O que realmente se fez de mim? Uma bomba atômica? Uma bomba relógio? No melhor dos casos, uma bomba. Prestes a explodir!

O tempo corre e corre, e tropeça e tropeça. Morre e morre. E eu só vejo o quanto nada sei. E gosto. Aprender te coloca numa posiçāo agradavél e um tanto quanto vulnerável. Nem sempre é legal, mas sempre funciona. Aprende-se fórmulas matemáticas, físicas e químicas, mas o que realmente se quer e nāo se aprende, é a apreender o mundo.

Ouça, nāo é que desejo mal a quem me deseja; mas também nāo desejo o melhor. Veja, eu só estou aqui de passagem, só quero correr por esse mundo sem medo e sem mala, sem dor e sem casa, para que de fato, eu seja completa. Fale, fale a verdade para mim e diga que eu realmente nāo tenho lugar nesse planeta, nem par. Fale, seja hoje ou amanhā, num grito ou sussuro, o que eu quero saber de verdade.