15 de janeiro de 2018

Áspero

02h26 am. As unhas todas roídas. Encaro o teto branco na esperança de uma distração e me deparo com a verdade nua e crua que sempre tentei evitar: o tempo passa e as coisas mudam. E como mudam.
Com o aniversário de um evento traumático se aproximando sou obrigada a pensar  nos acontecimentos que me trouxeram aqui. Não foi nada fácil, admito, mas aqui estou. Como pode ser que 8 anos atrás eu não fazia a menor ideia de que isso estaria acontecendo agora? Que aquelas pessoas que eu tanto gostava, desapareceriam do mapa? Que eu perderia tanto? Que eu ganharia tanto?
A garganta seca da poeira do quarto fechado; a voz rouca de tanto gritar "Adeus"; o chá morno na cabeceira; a suave lembrança do trajeto, uma ruga ou duas; o primeiro fio de cabelo branco; o desespero de se fazer na vida: somente alguns dos pensamentos corrosivos nessa madrugada áspera.

O tempo passou, o ontem se transformou no hoje, e eu? Bem, eu continuei a me transformar em mim mesma.

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