29 de novembro de 2017

Doch vielleicht ist die Vergangenheit ein fernes Ausland.

Tomei mais um gole da cerveja - e daí que já estava quente? Eu mal conseguia ficar em pé de tanto nervoso. Eu sabia o que ia acontecer. Sempre soube, desde o reencontro um mês antes.
Ali, sob o céu estrelado, ele saiu do carro e veio andando lentamente na minha direção. Soube instantaneamente que dava adeus a quem eu era, que um final abriria um milhão de começos, que eu estava, finalmente, pronta. [...] O vento desgrenhava nossos cabelos. Nossas mãos geladas uma na outra.... *flashback* Vi ali o menino com quem eu cresci, o menino que implicava comigo, meu amigo de sempre, nós dois, moleques, suados brincando e também vi ali o futuro. Vi o que esse reencontro representava. O cara que eu sempre quis. A vida que eu sempre sonhei. Ali.''

Na janela do ônibus, vi a Serra ficar pra trás. Eu nunca tinha ido a Petrópolis. Talvez por falta de interesse ou talvez por falta de oportunidade.
Na calmaria das ruas andei até os pés doerem. Engraçado como você acaba estando exatamente onde precisa estar. Naquele momento, eu sabia que tinha que estar ali.
Eu precisava daquele momento. Um suspiro limpo. Sem preocupações. Sem problemas. Só eu, meu café e ele. Nós três num amor singelo que veio como quem adormece, ''slowly... and then all at once'';
mas chega de falar de amor.
Os dias passam mais rápido quando se tem certeza. Os problemas ficam mais fáceis de serem resolvidos (ou você, mais forte, consegue resolvê-los mais facilmente?). Os outros parecem não importar mais. O mundo ganha um novo tom, e você, um binóculo.
Sim, eu tenho certeza. Certeza de que não tenho certeza. E me libertar do peso da escolha errada me deu essa certeza, essa, de que só a vida é certa e incertos somos nós. E nada disso importa. E é pra frente que se anda, com ou sem dúvidas. O tempo é essa coisa maravilhosa que nos esmaga e fortalece, ao mesmo tempo. Ele nos dá e ele tira. E tudo acontece como deve. E o agora é maravilhoso, mas o passado também.
Talvez o passado já tenha passado há tanto tempo que nem sei o que passou (já esqueci, ou faz realmente tanto tempo assim?). O que passou, passou. Ficou pra trás. Comigo acontece do passado ficar tão fraquinho que às vezes acho que nem aconteceu. O que é ruim, claro. Do que é bom a gente sente falta. 
Sabe, é difícil admitir que errei. Que foram anos e anos e conjuntos e conjuntos de decisões erradas. Mas lá no fundo, sei que precisava acontecer. O passado é importante, eu sei. Preciso me lembrar dele. Dói, eu sei. Mas eu aguento.
Viajar sempre foi uma das minhas coisas favoritas. A sensação de desprendimento - não estar conectada a nada mais que ao lugar e a mim mesma- sempre me encantou profundamente. 
Me pego constantamente pensando no passado, no que poderia ter feito diferente, onde poderia ter acertado mais.... mas não se consegue viajar ao passado. Talvez se consiga viajar ao futuro (expectativas) ou à uma terra distante (realidade)... e talvez, o passado seja uma distante terra estrangeira, prestes a ser sempre (re)visitada.




1 comentários:

victor disse...

Sua leveza me comove. Tão feliz e grato pela sua evolução...