15 de março de 2017

Moonlight

o sol quente no rosto: tento me esconder. não dá.
as dúvidas enterradas na areia, a brisa fresca do mar: lembretes certeiros das peripécias de outrora.
os pés cheios de bolhas: correndo, sem olhar pra trás.
eu não sei nadar. nunca soube. tudo que consigo fazer é bater os braços e as pernas de forma coordenada, e tento impedir a água de chegar às minhas narinas.
''desengonçada'' ''como assim você não sabe nadar?'' ''e se um dia você se afogar?'' ''eu aprendi a nadar quando era criança (risos)''
 eu já me afoguei. mais vezes do que ousei contar. na vida. no mar. em mim mesma. é, deve ser minha culpa. sempre me disseram pra ser rasa, igual piscina de plástico. igual a maioria esmagadora das pessoas. essas daí, que vivem num paralelo de insatisfação e infelicidade, que são mandadas, que não pensam por si só, não falam por si só, não se vestem por si só. mas não dá! eu nasci cheia de tudo, e às vezes, transbordo. sou funda,quase assoalho oceânico. É  complicado, eu sei. Talvez eu devesse me esvair até a drenagem total do meu ser e me encaixar no padrão. É engraçado: a ignorância tem grande parte na felicidade.


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