24 de outubro de 2016

We should talk about what happened...

Eu sinto saudade. Muito mais de nós dois. E do silêncio confortável. E da independência dependente. De Copacabana ao teu lado. Mas aprendi um monte de coisas novas, sem divã, que volta e meia, ainda me sugam as palavras, como alguém que torce um pano molhado e percebe que saiu pouco, muito pouco do todo.
E vira e mexe, na calada da noite me pergunto: por que eu? Por que foi assim? A voz fraca da razão (que tenta e tenta aceitar a realidade, que luta com unhas e dentes para ficar de bem com os acontecimentos passados) grita: por que sim. O calendário voa, horas viram dias, esses se transformam em semanas e de mês em mês minha vida se esgota. E tudo continua igual. Arrastado. Uma calmaria doente e áspera, que na minha inutilidade, dói.
Faltou um sinal. Talvez uma briga, talvez uns desaforos. Me diz, quando foi que você percebeu que acabou? Pra mim, foi numa quinta depois do trabalho. Foi um olhar sem carinho seu, foi um toque frio, foi uma mensagem vazia, foi o terremoto mais suave da Terra e que mesmo assim abalou minhas entranhas. Todas as vezes que eu te perguntei em silêncio, todas as vezes que eu fiz o impossível por nós, todas essas malditas vezes, porra! Como eu desejava não ter feito. Mas fiz. A certeza de que éramos certos um pro outro me cegou. Era mais do que isso, era além da maravilhosidade do nosso encontro e da nossa jornada. Era um vislumbre de felicidade, uma chance perfeita, cheia de promessas, você;  a cidade; os sonhos que tudo isso me vendia. A minha última esperança! E deu errado. Tão fodidos, nós dois.
Não me entenda mal, mas tenho estado tão ocupada em não sentir merda nenhuma que sinto falta disso. De você. Dos sonhos. Só se suporta a amargura até certo ponto, e sabe, acho que estou farta da minha. Talvez eu esteja pronta pra tentar novamente; até alcançar meu inevitável e particular fracasso, que todos nós adoramos e que alimenta a pobre literatura de uma garota amargurada de 20 anos.

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