29 de junho de 2016
Quarta-feira
Voltava do mercado, a mão cheia de sacolas. Comprou tanta coisa, planejava fazer várias receitas. Colocou as sacolas no chão e tateou o bolso em busca da chave. Porra! Não estava ali. Uma gota de suor frio escorreu na testa. Onde estava aquela merda daquele chave? Sua idiota, você é tão burra! Deixou cair pela rua, aposto. Sem saber o que fazer, sentou-se no chão, abraçada com as sacolas. Enquanto os congelados derretiam, pensou no caminho que percorreu até chegar ali. Os pensamentos confusos perderam o foco. Pensou nas últimas semanas, pensou no que estava descobrindo sobre si. Nos erros, nos acertos, em como era magnífico desfrutar da solidão. Em como vinha se libertando, aos poucos, de cada estigma, de cada amarra, e se tornando mais e mais o que deveria se tornar. E aí lembrou. Tinha guardado a chave na mochila, pois sabia que se colocasse no bolso poderia perder. Sorriu. Gostou de ter tido esse cuidado consigo mesma, mesmo que por fim tivesse esquecido do paradeiro da chave. Estava sozinha, mas tinha a si mesma, e estranhamente, isso bastava.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário