11 de abril de 2013

Ar da graça.

Dizem que sumi, mas na verdade estou bem aqui, meus caros. O que sumiu foi um misto de nervosismo e erratismo que me condizia e desfazia; adivinhem: eu mudei. Mudei como tudo nesta vida há de mudar e muda, meus caros, a cada segundo que passa. BAM! As coisas já mudaram de novo, o que eu era há meio segundo, já não sou mais. Os meus próprios pensamentos agora me corrigem e assim passam a assumir uma nova função: a de guia.
É engraçada a dinâmica entre pais e filhos. Como filho, você não quer dar o braço a torcer e dizer que você ainda não sabe nada da vida e que de fato, seus pais vão estar certos em 90% das vezes. Admitir nossa propriamente dita ignorância dói e dói mais do que parece num adolescente. Mas ser pai, mãe, não pode ser muito diferente. Como transmitir seu conhecimento e ainda permitir que seu filho cometa os próprios erros? Eu mesma cometi alguns, a diferença é que tirei algo deles. E cada dia mais sinto o peso das escolhas de ontem no caminho de amanhã. Ser filho é aprender a pensar como pai, e devo dizer; é bem complicado.
Agora me surge um novo dilema, como permitir ao passado que flua, com todo seu peso e duração, por uma morte tranquila, que leve ao total e completo e-s-q-u-e-c-i-m-e-n-t-o? Não tem segredo, dizem os mais velhos, e na verdade, não tem. A vida é viva e está em constante mudança, meus caros. O que funcionava ontem pode não funcionar amanhã, ou até mesmo hoje. Não é desesperador?? Crescer??? Assim, sem mais nem menos?? De repente estar brincando com massinha e no outro momento estar planejando seu futuro??? Não é agonizante?? Perceber?? Que a vida é incrível, louca, e acima de tudo, errática??
Devo dizer que estou apavorada. Completamente, em choque. O tempo me encularra mais e mais na estranha parede do viver. Esquisito, acordar assim, querendo algo e não sabendo como conseguir. Esquisito, saber que em poucos curtos anos, ninguém saberá onde estão minhas roupas, minhas provas, minhas chaves, ninguém pegará o pimenteiro na cozinha enquanto como no quarto vendo tv, ninguém fará meu café da manhã, ninguém me acordará com beijinhos. Esquisito, saber que eu vou crescendo mais e mais e ainda não caiu a ficha. Esquisito demais.
Que fique registrado de este é apenas o lamento de uma criança que perde hoje seu melhor brinquedo: a infância. Digo hoje porque até ontem era menina, mas hoje o mundo girou e nesse giro, eu despertei. O que mudou eu jamais saberei, mas sinto aqui dentro uma mudança comunal, gritante, a vontade ENORME de ser e simplesmente não saber como! O que é isso? Porque isso? Não importa. Simplesmente não importa, tempo para descobrir não me falta, e talvez daqui há alguns anos, uma mulher venha neste mesmo espaço dar o ar de sua graça.

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