27 de setembro de 2017

Outra

Esses dias esbarrei com um conhecido. Curiosamente, ele sabia bastante sobre minha fase atual.
- E aí, como foi de viagem?
- Ah! - Suspirei. - Foi ótimo, né?
- Imagino! Você parece até outra pessoa!

Peraí. Eu pareço outra pessoa? O que você quer dizer com isso?! É claro que eu sou outra pessoa!

É nisso aí que a gente percebe que tudo é como deve ser. Quando eu fui embora, sofri. Muito. No aeroporto, eu chorei, Sabia que aquilo ali era uma morte, uma despedida. De quem eu era. Do que eu vivia. Do que eu conhecia.
Eram tantas dúvidas, sobre mim, sobre meu futuro, minha universidade, meu relacionamento. Tudo isso estava me fazendo infeliz, mas eu não queria desistir. Não gosto de desistir.
Confesso que tirar essa ''pausa'' da minha própria vida me fez perceber o quão desapontada com ela eu estava. E ali eu soube que se eu quisesse alcançar meus sonhos, teria que mudar drasticamente. Naquele rumo, eu NUNCA chegaria aonde quero chegar. É como plantar batata e querer colher cenoura. Impossível.
O que aconteceu comigo na Alemanha? Uma epifania. Eu notei que sou uma medrosa crônica, apavorada da própria vida. Morro de medo mesmo. De tudo. De mim. Dos outros. Trouxa, né? Pra dizer o mínimo. Mas aí o jogo virou, decidi de uma vez por todas enfrentar esses medos. Todos. De uma vez só. Terminei com tudo que me trazia a falsa sensação de estabilidade (uma universidade medíocre, um relacionamento emocionalmente exaustivo, uma cidade sem perspectivas) e me forcei a encarar coisas que tinha medo e/ou não gostava.
É claro que eu sou outra pessoa. Eu me abri pra mim mesma, me disse a verdade, foi honesta comigo mesma pela primeira vez em toda minha vida, e naturalmente, com os outros também.
É claro que eu sou outra pessoa! Mais serena, mais aberta a novidades, menos infeliz, mais focada, mais segura de si, menos egoísta, mais propensa a sacrifícios, mais batalhadora e bem menos apegada à opinião alheia.

- É, essas experiências, te mudam né? Verdadeiras revelações. - disse eu, sem esconder o sorriso.
- É, você jogou tudo pro alto, muita coragem! Tá certa, tem que correr atrás dos sonhos mesmo. - ele disse, sereno. (Nos despedimos, com promessas de entrar em contato novamente, mas sabemos que não vai acontecer).

E o que você acha que estou fazendo, querido? Justamente isso.
Correndo atrás do que eu quero ser.
Doa a quem doer.


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