2 de maio de 2014

Gasolina

Flutua na mente essa ideia solta, essa ideia torturante, agonizante, a deliciosa vontade de desistir. O que é que nos move? O que é nossa gasolina? Eu me sinto sem combustível, sem força. E sem motor.
É louco pensar que estou prestes a terminar uma fase da vida, e mais louco ainda pensar que estou pra iniciar outra. Tudo é tão solto e estranho, não consigo me adaptar, não consigo seguir o padrão. Nem o estabelecido, nem o meu próprio.
O fracasso me ronda. Ele me chama, e me convida pra dançar. E eu, pobre e atordoada, deixo-o me levar. A vontade de desistir, ela é deliciosa. A sensação - a ideia- de que tudo vai se resolver sozinho, sem mim, torto, louco, é incrível. Como se eu fosse invisível. Ou isolada. Não sei.
 O ouvido cansado dá graças a Deus pelo silêncio e toda sua preciosidade. Esplendorosa. A solidão. Lindo ficar sozinho, estar sozinho na graça de sua essência, e finalmente, poder escutar a voz interna dos próprios comandos. O afastamento é doloroso porém só ele leva ao apogeu, ao ápice do sucesso. Seja interno ou externo. O sucesso é muito longe daqui.
Eu me sinto exausta, você não? Sinto que perdi todas as batalhas, e que vou perder a guerra. Mas ainda assim, não consigo simplesmente desistir -  o que em alguns momentos, me faz crer que sou mulher de fibra - mesmo que queira, loucamente. Eu me sinto sem combustível, sem força. E sem motor. O que nos move? O que é nossa gasolina? Talvez a vontade imensurável de chegar ao fim. E ela, só ela, me sustenta aqui, hoje.

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